Luto
Fechei as portas da sala, por onde entrava o afeto. Apaguei minhas luzes cuidadosamente, cerrei cada uma de minhas janelas, para que nenhum outro expectro viesse a invadir meu silêncio. Cortei a peça de roupa negra que me ornamentava a tristeza, e suave deleito-me sobre o pranto, na esperança de adormecer, e esquecer o pesadelo em vigília que hora me atormenta. Sufoco lágrimas num ponto qualquer da garganta, e reinvento-me a fim de sobreviver a mais uma batalha sem vencedores. Ferido, cansado e melancólico, arrasto-me solenemente a fim de atravessar os limites do campo minado que por escolha resolvi trilhar. Em trapos, esquivo-me num canto humido no final de um frio e longo corredor, onde disputo o espaço com uma escultura sem bracçs, quebrada, solenemente relembrada apenas por sua história quase inexistente. Contraio meu coração, e sinto-o apertado, quase gritando de dor - não a primeira sofrida, tampouco a última ser vivida. Esp