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Showing posts from 2013

Luto

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Fechei as portas da sala, por onde entrava o afeto. Apaguei minhas luzes cuidadosamente, cerrei cada uma de minhas janelas, para que nenhum outro expectro viesse a invadir meu silêncio. Cortei a peça de roupa negra que me ornamentava a tristeza, e suave deleito-me sobre o pranto, na esperança de adormecer, e esquecer o pesadelo em vigília que hora me atormenta. Sufoco lágrimas num ponto qualquer da garganta, e reinvento-me a fim de sobreviver a mais uma batalha sem vencedores. Ferido, cansado e melancólico, arrasto-me solenemente a fim de atravessar os limites do campo minado que por escolha resolvi trilhar. Em trapos, esquivo-me num canto humido no final de um frio e longo corredor, onde disputo o espaço com uma escultura sem bracçs, quebrada, solenemente relembrada apenas por sua história quase inexistente. Contraio meu coração, e sinto-o apertado, quase gritando de dor -  não a primeira sofrida, tampouco a última  ser vivida. Esp

Deus por uma noite

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Por uma noite apenas, senti-me como a um Deus! E tal qual sublime ser supremo Desafiei todas as leiis criadas pelos homens, Reinventando minha própria natureza. Por uma noite apenas, senti-me tal qual um Deus! E do alto de meu poder supremo, Do topo de meu poder divino, Amei como um imortal!- Intensivamente, poderosamente... E completo me mpus sobre tempo e espaço Abstraindo-me do julgamento humano Por pura extensão do divino ser que ali eu era Por uma noite, uma noite apenas senti-me Deus! Senti-me a propria expressão da liberdade que criara, E na orgia de uma libação sagrada em culto ao divino Reverenciei a mim mesmo apossando-me de minha vulnerabilidade sobrenatural. Em poucas horas construí mundos diversos, Deleguei nomes a sentimentos, Emanei intenções divinas, E de sacrificios a mim oferecidos Percebera-me em essência um Deus pagão, E mais uma vez senti-me divino!  Por uma noite , uma noite so, apenas, senti-me como a um Deus!

Na noite em que a liberdade lançou seu voo em mim

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Na noite em que a liberdade lançou seu voo em mim Minha boca encheu-se das palavras que delineiam minha verdade. E num vai-e-vem de vozes diversas, no escuro da sala Onde a Lingua materna ecoava em festa, tudo se transformara em pulsos. Haviam gestos de almas, movimentos de corpos, estetica de prazeres jamais sentidos, palavras jamais pronunciadas, nutridas de um belo sentimento de ternura, que se misturava com a dura expressão do compromisso . Entre olhos e copos de uma nova bebida, que me iniciara na busca de entender melhor a razão de minhas tantas perguntas, percebi-me livre e completo do tudo que me cercava, dando vasão ao meu poema vivo, que circulava pela sala distribuindo versos e prosas: Os olhos de meu poema, em fogo cruzavam distancias entre mim e sua essência, e ainda que soubesse que minha criação tornara-se independente, ainda assim contemplava-o como sendo somente minha, ainda que por um momento. Na noite que a liberdade lançou seu voo em mim Amei a tudo e a todos c

A face oculta da paixao

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Estava eu pela manhã na academia, tentando perder uns quilos e voltar a uma forma mais saudável, a fim de evitar problemas futuros de saúde. A minha frente, vejo um rapaz, exercitando-se energeticamente. Algo tão intenso, que tomava toda a minha atenção e sequer chegava-me a concentrar em meu próprio exercicio. Entre uma puxada e outra, olha-me pelo canto dos olhos, como que suspeito de que também eu o fitava. Impossível não fazê-lo! . comportava-se tal como as máquina a que nos cercavam. Uma Figura longelínea, com pele muito branca, um rosto muito jovem e um semblante agressivamente afoito. Apesar da magreza, tinha os músculos muito bem definidos, como os de um bailarino clássico. Estávamos apenas os dois ali, naquela sala enorme, cercada de espelhos por todos os lados, como em um compartimento de nosso insconsciente fechado, fazendo parte de um sonho alheio. Nossos reflexos estavam por todos os lugares, do teto ao chão. Ao perceber que aquela jovem criatura angustiava-se, e angus

Amante

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Meu  tempo se limita a  encontrar-te Nos  espaços  que o relógio  me oferece E rezo para que as horas logo cheguem E nelas, o  assumir-te  me engrandece. Perto de ti desapareço,  me escafedo, sumo E de meu nada, a simples  plenitude brota Só em vida e sentimento me resumo A sensaçao de  liberdade  em mim aporta. A lógica e  o conceito se destroem Defesas  caem à esquerda de meus passos Meu sangue enfervescido em julgamentos Condenam-me a viver pelos teus atos. O permitido, e o proibido  se intercalam Pois Amar-te é um exercicio de  valores Entre as partes, forte,a  ponte se instala E atravesso-a  sem olha-la  e sem temores Sigo firme em  teus olhos de diamantes E mergulho em teu sorriso de felidicade calma Aprendo,  no percurso de teu gestos A  delagar a paz,  em festa em minha alma. Joao Brandao Junior, NYC 27 de fevereiro de um ano muito especial.
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Você já amou hoje? Muito se fala sobre amor, amar, amantes a amabilidade. Dividem o verbo em segmentos diversos, e atribuem-lhe categorias diferentes, e cada uma delas sempre relacionadas a um objeto, a um grupo, a um individuo, e quando esse passa a ser usado como parte de uma entrega geral, saimos de cena para atribuir-lhe à um fato divino, como se não fossemos capazes de uma vez senti-lo, e mais do que isso, experimenta-lo como a um direito legal, inerente a nossa própria natureza. Está série de intitulações, por vezes de uma profundidade essėncialmente paranormal, nos privam - e isso acontece conceitualmente - de experimentar o Amor enquanto um bem comum a todos os seres humanos. Não falo aqui da relação física que isso implicaria, já que não entendo uma plenitude capaz de limitar-se à ideia de corpo, toque ou mesmo sexo. Falo do amor que flui como legitimação do respeito pessoal, e fundamentalmente como produto da racionalidade à serviço do prazer e do bem estar, enquanto seres

I have no time

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I have no time for death I have no time to sleep. I have not time for excuses. I have no time to breath. I have some time to eat I have some time for bends.  I have some time to read.  I have some time for trends. But I do have time for life.  I do have time to live.  I do have time for friends.  I do have time to achieve.  Joao Brandao Júnior, February 22nd, 2013

Um conto de amor ...PARTE I - O ENCONTRO

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Fora convidado para ir a um vernissage em uma galeria da moda em Sao Paulo, na decada de 90. Amava as artes, e dividia espaco com um astrologo, e centenas de quadros em uma bela casa, localizava em um bairro nobre de Sao Paulo. Jovem, 20 anos de uma vida intensamente aberta para o desconhecido, preparou-se como de costume, a fim de encontrar aos amigos, e juntos "filar" um vinho gratuito em um espaco cool da capital da moda. Ao chegar, logo avistou um grupo de amigos da universidade, que se engalfinhavam proximo a mesa de vinhos, tentando virar tantos copos pudessem, pois o resto da noite so seria garantida com a intervencao etilica, causada pelo nectar que ainda hoje presta-lhe homenagem constante. Tomou uma taca, e comecou a andar pelos corredores da galeria, olhando cuidadosamente as gravuras, coloridas e surreais, armonizadas com sua ja embriaguez suave. Tudo fluia - as cores, os tons, a forca do desenho que lhe penetrava o incosnciente euforico, e as linhas que o transp