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Showing posts from July, 2012

Visão.

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Não me recordo bem o ano em que o fato aconteceu, mas tenho a mais espartana das certezas que foi entre 1973 e 1974, já que os fatos apartir desses anos são muito claros em minha mente, escravizada pela minha memória. Minha vó paterna era uma mulher muito religiosa. Havia em sua casa um altar repleto de pequenas esculturas de Santos - na realidade só havia espaço para uma figura masculina quase assexuada, um pequeno menino Jesús de Praga, vestido de rendas bordadas. Havia uma escultura em especial, da Virgem de Fátima, trazida de Portugal por uma juíza de Direito influente, para quem minha avó trabalhava desde a morte de meu avô, como sua governanta. Aquela imagem santificada de Fátima, traduzia toda a submissão à fé católica, aliada ao estigma português de reverência ao poder político herdada de minha família paterna, pela forte e efêmera presença lusitana de meu avô. Não era à Fátima, de fato a reverência. As atençōes dispensadas à imagem vinham do orgulho de minha vó de poder po

Dos desejos em familia a familia dos desejos.

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Desejo sempre foi um tema que muito me intrigou, desde miúdo. A visão de desejo nas mulheres da familia de minha mãe eram muito diferentes das da familia de meu pai. As mulheres de minha familia paterna eram orgânicas, de úteros em fogo, o que justificava as fugas, as histórias de amores impossíveis e as constantes proles invadindo nosso clã suburbano sem nenhum propósito específico de existência planejada. Minhas tias colecionavam filhos de homens diferentes, e falar de qualquer um que as tivesse engravidado, era declarar guerra contra minha avó, que assumia cada neto com um prazer sacrificial, e anulava com poder qualquer imagem masculina que ousasse se intitular pai. Creio que essa mesma chama de desejo desfocado tenha se alastrado em nossos sangues, a partir da contaminação genética trazida das rápidas correntes sanguíneas de meu pai. Por outro lado, essa cadeia de impulsos naturais converteu-se em monotonia visivel em sua relação conjugal com minha mãe. Durante anos me pergunt
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Domingo, dia 29 de julho de 2012 - Esta foi a data que escolhi para iniciar um blog, onde dividirei algumas es/historias pessoais, poesias de minha autoria, fotografias onde expresso tambem minhas visoes sobre o mundo onde vivo/exploro, e para reconfortar-me com minha lingua nativa. Acordei hoje com o impeto de reavivar minha memoria e registrar em forma de contos novos, poesias frescas e imagens que me reinterpretam sem palavras, tudo o quanto penso e penso ser interessante dividir com os iguais.Nao sou muito disciplinado mas tentarei postar o maximo que puder, sem com isso perder a essencia daquilo que gostaria de expressar da forma mais verdadeira e profunda. Claro que tambem serei reinventado em cada texto, revestindo-me das indumentarias necessarias para aquele dia em especial. Acredito que escrever e tambem uma forma de gritar, de espernear, de sacudir os mundos verbal e escrito fazendo-os parte de uma revolucao constante de movimentos, onde a intencao sempre me dara as redeas