Na noite em que a liberdade lançou seu voo em mim


Na noite em que a liberdade lançou seu voo em mim Minha boca encheu-se das palavras que delineiam minha verdade. E num vai-e-vem de vozes diversas, no escuro da sala Onde a Lingua materna ecoava em festa, tudo se transformara em pulsos. Haviam gestos de almas, movimentos de corpos, estetica de prazeres jamais sentidos, palavras jamais pronunciadas, nutridas de um belo sentimento de ternura, que se misturava com a dura expressão do compromisso . Entre olhos e copos de uma nova bebida, que me iniciara na busca de entender melhor a razão de minhas tantas perguntas, percebi-me livre e completo do tudo que me cercava, dando vasão ao meu poema vivo, que circulava pela sala distribuindo versos e prosas: Os olhos de meu poema, em fogo cruzavam distancias entre mim e sua essência, e ainda que soubesse que minha criação tornara-se independente, ainda assim contemplava-o como sendo somente minha, ainda que por um momento. Na noite que a liberdade lançou seu voo em mim Amei a tudo e a todos com a mesma intensidade com que abraço a vida, ainda que as vêzes me deparasse com seus espinhos, mas nunca desconsiderando o cheiro de rosas que pudessem vir em seguida. De minha razão, a verdade se impunha sem máscaras, em absoluto despropósito, sem alvos ou intenções ...era ela ali o revelar-me como um ser etéreo; complexo agente da totalidade a comunicar-se. Numa dicotomia que me tornava vulnerável a todo e qualquer sentimento, esvaziei-me por inteiro, vindo a encher-me de intensidade e súbito carinho - gesto de mãos que se entrelaçavam à minha frente, revelavam-me as pontas das asas de minha liberdade, que presumi serem muito maiores e mais expansivas que os espaços definidos previamente em minha saudosa mente.

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