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Showing posts from June, 2015
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"Posa na penumbra de minha mesa A mariposa em vermelho, intoxicada. Escorre pelos cantos de seus lábios Visivelmente surrados pelo roçar Da violência que lhe consome a carne, a última gota de alcool. Olha-me com certa distância E o forte odor dos tragos alheios Faz exalar de seu corpo Uma onda viva de forte tabaco. Ofereço-lhe água, e ela sorri, já condenada Pelo destino que ali A fez pousar - nada mais A purifica, a não ser Meus pensamentos. Em silêncio toca-me a boca E sussurra palavras Que não sei decifrar. Seus pés vagueiam por baixo da mesa, E um velho escarpin de salto rompido Parece agonizar, Na busca de um par similar Que lhe complete o passo, Que lhe estimule o ritmo, Que lhe conceda a ùltima dança. Bebo o derradeiro gole da água Que me mantém lúcido E como a brisa Suavemente me afasto Deixando a mariposa viver Seus minutos restantes De efêmera vida." Joao Brandao , New York City, Quarta-Feira, 3 de junho de 2015, 10:02 da manhã.
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" Bate à minha porta um orgão. Quase desfalecido; quase morto. Pergunto-lhe o nome, E absorto ,  Responde: seu coração, De volta ao posto!"
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A busca do azul do céu inexistente, Rarefeito pelas núvens opacas das torrentes, Compõe meu cenário real em disfunção. Amedrontado pela entrega visceral, Suspiro fundo, e em meu peito provençal Sereno dorme o porvir de meu Labor. Atento aos lados de meu triângulo divino, Nem pai, nem filho e nem espírito contínuo, Derramam graça em meu ócio Controlado. Desconfiado da múltipla saturação Componho obras de pura indignação, E lanço flores nos subúrbios Da tristeza. Alavancado pela coragem covarde, Desenho nas areias brancas Da linguagem Minha mensagem Sem entendimento prévio. O óvulo, os óculos, o versículo As lógicas frágeis, cairão num precipício, De um vício, mente mente A absorção!