Pintura Eterna

Com a ponta de um pincel de nuvens,
pinto o infinito.
Em tons de raro azul 
e profundo respeito 
pela natureza de sua perenidade,
tomo a liberdade de não emoldura-lo.

Contemplo-o assim,
tão inspirado e convicto
de que sua existencia
a todos vida permitirá.

Com texturas de desejos,
traços sinuosos e bem contornados
projeto a forma do possível,
e ao impossível designo a dura tarefa
de não bastar-se em si mesmo. 

O infinito expande-se imensurável
na tela de minha arte azul-perene!
De todos os cantos de minha obra inacabada
raios autônomos de criatividade pulsam.

Contemplo-o assim,
tão incalculável e perpétuo,
que nenhuma matematica o escravizará,
nenhuma regra o fará exceção.

Com tinta extraída do cosmos 
retoco minha pintura.
E assim assino minha obra,

na parede irretocável de minha imensidão.

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