Sou um homem de espirito livre.
Gosto de estar so, de comungar com o silencio de minhas descobertas mais sigilosas, e de encontrar na escuridao meu proprio refugio.
 Nao sinto falta de companhias, nao tenho saudades de ninguem, e nao desejo ser incluido em rodas de pessoas a fins: - Nao acredito em nada que seja coletivo, a nao ser na ignorancia, esta maior que nos mesmos.

Nao rogo parcerias, nao faco apologias a sucessos, e a unica coisa que me arrependo na vida é ter o verbo "arrependimento" em meu vocabulario, como algo inoperante, ocioso e estatico, mas ainda assim repleto de adverbios de tempo e de modo.

Nao me agrada a terminologia "melhor amigo", uma vez que pense que amigos sao amigos, e sao como nobreza - ou se tem ou nao se tem! Nao se pode comer pelas beiras da amizade, e trata-la como produto barato de supermercado, em promocao pos-natal.

 Nao quero ser o melhor amigo de ninguem - isso para mim seria um desrespeito a essa bela palavra, tao rara de se desenvolver, e tao complicada de se proliferar.

Nao acredito no amor que aprisiona - amor é liberdade a cima de tudo! Amor nao é confinamento de almas que se distanciam do mundo a pensar em si proprias. Ao contrario - amor é a expansao da alma, a ruptura maxima do coracao e da mente, em direcao a uma outra forma de transcendencia, capaz de complementar o mundo com o fluido magico das boas acoes, da solidariedade e da entrega. Amor é a entrega ao macro; ao todo; ao sempre!...o que para mim nao perpassar por esses angulos, passa a ser instrumento de opressao e egoismo.

Nao tenho uma agenda repleta de comprimissos sociais. Minha agenda aponta para um espaco onde o tempo e usado proporcionalmente a minha necessidade em me sentir bem, e isso independe de calendarios. Meu unico compromisso concreto - e ainda assim um pouco ludico - é quando trabalho!

E la que cultivo meu trigo, processo minha farinha para fazer meu pao! É la que pratico o verbo "sobreviver" de forma muito prazeirosa, enfileirando minhas pequenas conquistas e as dividindo com a CONED, National Grid, com a imobiliaria que me aluga o pequeno apartamento onde vivo, com os donos de supermercados onde compro, com medicos - esses comem grande parte do alimento que produzo - e com uma ou outra alma que passam pela minha vida, famintas de alguma coisa.

 Meu grande prazer na vida é escrever! Escrever cartas, textos, escrever palavroes, inventar terminologias, criar poesias in-concretas, superfulas, sobrepostas, enfim!

 Escrever para mim é uma grande orgia de letras, numa festa supernatural de palavras sem sentido, sentencas sem proposito e textos sem fim. Escrever para mim e como fumar opium - isso me da sempre a sensacao de grande prazer, mas no fundo vai se transformando em droga, me distanciando da realidade e me lancando no mar infinito da palavra sem acao; do verbo tetraplegico!

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